Um Conto

>> segunda-feira, 28 de março de 2011

Pensa-se em geral que os contos dos irmãos Grimm são histórias para criança, mas na sua maioria as pequenas histórias que os irmãos coleccionaram percorrendo a Alemanha de lés a lés não se destinavam a crianças. Leia-se o conto do “Pescador e sua mulher”. Foi contado aos irmãos numa aldeia da Frísia e por eles conservado no dialecto original.
“Certo dia um pescador levantou na sua rede um peixe desconhecido. O peixe falava.
- Lança-me de novo à água, e dou-te o que quiseres.
O pescador não hesitou. Aquilo não era peixe como os outros. Devolveu-o ao mar.
– Gostava de ter um barco maior, disse.
– Já o tens, disse o peixe, e o pescador viu-se sentado em barco maior e mais bonito. Quando chegou a casa e contou à mulher, esta disse que ele devia ter pedido mais, que fosse à praia e dissesse ao peixe que queria uma casa. Coisa melhor que a cabana em que viviam. O pescador obedeceu, mas contrariado. Chamou o peixe, disse que a mulher dele, a Maria, não via as coisas como ele via, que queria uma casa.
– Vai-te, que ela já a tem.
A casa era bonita. A mulher ficou contente. Por pouco tempo. Não tardou a achar que era pequena. Pequena, para ser perfeita tinha de ser maior. O pescador lá foi à praia, chamou o peixe, desculpou-se, que a mulher, a Maria, não via as coisa como ele via
– Que quer ela ?
– Quer uma casa maior.
- Vai-te, que já a tem.
A mulher gostou da nova casa, mas depois pensou “casa daquelas não era para pescador era para um homem importante, assim um Burgomestre.
- Vai lá à praia falar com o peixe” .
O homem foi. O peixe acordou o pedido
– Vai-te, que ela já o é.
De pedido em pedido, o pescador desculpando-se que a sua mulher, a Maria, não via as coisas como ele via, e o peixe acedendo, não tardou a que chegassem às alturas. A Maria quis ser imperador, e foi. Não era mau, mas havia mais e melhor. O marido que dissesse ao peixe que ela queria ser Deus.
-Vai-te, disse o peixe . - ela já tem o que quer.
Ao regressar, o pescador – imperador, encontrou a mulher à porta da velha cabana.
O conto é um pouco machista, deitando as culpas para cima da mulher, mas o sentido era mais lato. Encontra-se em outros daqueles contos. Encontra-se em contos, em fábulas, em poesias de outros povos: o homem pode ser muito, mas não pode ser Deus.

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“Na praia”

>> segunda-feira, 14 de março de 2011

Não fui grande leitora de ficção cientifica, mas li Wells e Julio Verne. Sei que a imaginação de autores dotados souberam imaginar e descrever cenários do futuro, que um dia provariam ser correctos. Menos conhecido que Verne e Wells é um autor mais recente chamado Nevil Shute. Este autor imagina no seu livro “On the Beach” o espalhar de uma nuvem radioactiva e a chegada das suas consequências à Austrália, o último ponto do mundo a ser atingido. São os últimos dias vividos naquela praia. Reli-o mais de que uma vez e recordei-o agora com a tragédia do Japão e a ameaça da fusão nos reactores da central de Fukoshima. O livro não é pesado, mas é terrivelmente convincente. Só se pode esperar que o autor não tenha, como o tiveram Julio Verne e Wells, o dom de imaginar correctamente cenários futuros.

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Sobre este blogue

Libri.librorum pretende ser um blogue de leitura e de escrita, de leitores e escritores. Um blogue de temas literários, não de crítica literaria. De uma leitora e escritora

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