“Nazaré!”

>> segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tendo trabalhado durante anos no Japão, sem ter visto do país mais que Tóquio e arredores, um inglês chamado Will Ferguson decidiu que antes de regressar a Inglaterra iria percorrer o Japão de lés a lés. Usaria transportes públicos e de vez em quando tentaria arranjar uma boleia. No Japão não era costume dar boleia mas talvez houvesse uma excepção. Houve-a. Um simpático japonês abriu-lhe a porta do seu carro. Meteram conversa. Falaram da Europa. O japonês estivera lá recentemente. Viagem clássica, visitando as belezas do nosso continente.
- O que o impressionou mais? Perguntou o inglês.
- Nazaré. Respondeu o japonês.
Tenho de voltar à Nazaré.

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'fofocas'

>> segunda-feira, 11 de abril de 2011

'fofocas'

Às vezes temos de recorrer a um estrangeirismo para exprimir exactamente o que queremos dizer. Sucede-me agora que surgem nas cartas de senhoras do século XIX cartas de ‘fofocas’, não há outra palavra. É sabido que as mulheres gostam de falar do próximo. Não, como se pode pensar para falar mal ou apontar defeitos ou pecadilhos, mas, muito simplesmente, porque os feitos do próximo as interessam. Interessam-lhes os casamentos, os noivados, as doenças e a morte do próximo. Talvez que as intelectuais, as cientistas estejam livres desse pecado, ou antes desse pecadilho, mas são uma excepção. Vem isto a propósito daquelas minhas avós e tias, que, na ausência de telefones portáteis ou fixos conversavam por carta. É verdade que eram mulheres inteligentes e cultas, que se interessavam por política e que liam jornais, mas eram mulheres, gostavam de falar do próximo. As cartas estão recheadas de informações sobre o que sucedera ao próximo, o que dissera, o que vestira.
“O que me diz - ou o que acha - disto ou daquilo ?’’ As ausentes interessavam-se com o que se passava por cá. Nascimentos, mortes, casamentos anunciavam-se e comentavam-se: “Já deves saber pelos jornais que morreu a tia Asseca. Chorada por todos que a conheceram”, “Deve-te espantar a morte do António Xavier. Pobre rapaz, pouca falta faz, mas a mulher chorou. Gostava dele.” “Morreu o tio Murça. De ter sido um alívio para ele acabar tão inútil vida”. Há festas, há bailes. Esta bem vestida, aquela um desastre. Casa el-rei D. Luís. Da Alemanha, a infanta D. Antónia, irmã do rei e casada com um príncipe alemão, pede informações a uma das correspondentes: “ela veste bem? Eu mando vir os meus vestidos de Paris, e como recebe ela?”
Procurei a palavra certa para designar este aspecto das cartas. Em inglês dir-se-ia ‘gossip’, em francês ‘papotage’, em alemão encontrei duas expressões, mas nenhuma delas exprimia exactamente o que aquilo era. Consultei a minha filha, que respondeu sem hesitação: “Fofocas”

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