FACTURAS

>> segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Todos sabemos o que é uma factura, e, bons alunos que somos, das aulas de Economia e Finanças, que diariamente nos são dadas por rádio, televisão, jornais e revistas, estamos familiarizados com expressões como “quem paga a … é…”, “Eles apresentarão a factura…”.
A factura conta uma história, mas não aspira a qualidade literária, não pretende agradar pela leitura, não é essa a sua missão. Mas há excepções. Guardo, e releio com gosto a factura passada a 9 de Agosto de 1886 por um pintor de arte sacra, pela sua obra de restauro na igreja do Bom Jesus do Monte. Aqui a transcrevo. Quem sabe? Talvez encontre mais algum apreciador.

SERVIÇOS
Por corrigir os dez mandamentos, embelezar Pôncio Pilatos e pintar-lhe as fitas 1$700 rs
Um rabo novo para o galo de São Pedro e pintar-lhe a crista 1$600 rs
Dourar e pôr penas novas na asa esquerda do anjo da guarda 1$230 rs
Lavar o criado do Sumo Sacerdote e pintar-lhe as suíças 1$600 rs
Tirar as nódoas ao filho de Tobias 2$000 rs
Uns brincos novos para a filha de Abraão $ 930 rs
Avivar as chamas inferno, pôr rabo novo ao diabo e fazer vários concertos nos condenados 2$400 rs
Renovar o céu, arranjar as estrelas e limpar a lua 1$400 rs
Retocar o purgatório e pôr-lhe almas novas 1$830 rs
Compor o fato e a cabeleira de Herodes 1$000 rs
Pôr uma pedra nova na funda de David, engrossar a cabeça de Golias e alargar as pernas a Saúl 1$200 rs
Adornar a arca de Noé, compor a túnica do filho pródigo e limpar a orelha esquerda $600 rs
Total 17$490 rs”.

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Robinson Crusoe

>> segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A primeira vez que li Robinson foi em criança, em alemão. Numa encadernação cartonada verde, com uma estampa colorida na frente mostrando Robinson na sua jangada transportando os preciosos objectos salvos do navio afundado. Mais tarde comprei o texto original inglês para completar os meus clássicos. Reli o livro a partir do capítulo do naufrágio. Agora tenho o livro em Audio, e ouvi os primeiros capítulos. Fiquei a saber que o herói da história era filho de uma senhora inglesa de apelido Robinson e de um alemão de apelido Kreutzer, e que esses dois apelidos passaram a ser o seu nome próprio. Kreutzer sendo transformado em Crusoe. Mais interessante é a história da amizade de Robinson com um capitão português. Esse capitão salvara Robinson que andava à deriva num pequeno bote no qual fugira do cativeiro em que se encontrava. O capitão da nau portuguesa é um modelo de bondade e honestidade, dá tão bons conselhos ao jovem Robinson, ajuda-o a resolver os problemas no Brasil, e merece de tal forma a gratidão de Robinson que este o nomeia por seu herdeiro no testamento que redige antes de partir para a viagem que o devia levar à costa da Guiné adquirir negros, e que teve o trágico desfecho que todos conhecemos, e com o qual compadecemos. E quase todos ignorámos essa figura de capitão de nau portuguesa, exemplar de bondade, caridade e honestidade. A literatura náutica não cita muitos capitães com essas características mas Robinson Crusoe conheceu um. Se o querem conhecer não saltem os primeiros capítulos das aventuras de Robinson Crusoe.

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Sobre este blogue

Libri.librorum pretende ser um blogue de leitura e de escrita, de leitores e escritores. Um blogue de temas literários, não de crítica literaria. De uma leitora e escritora

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