Humor involuntário e humor regional

>> segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Esperava eu a pensar em humor nacional e regional quando li um comentário ao post da ‘factura’ de restauro de obra de pintura. Vinha de Coimbra. Por associação de ideias respondi ao comentário com uma frase destinada ao humor regional, e, em particular de Coimbra.
O humor regional fica para outra vez, e volto à factura. Apresentei-a sem análise própria porque foi assim que a li pela primeira vez e a saboreei, e por querer dar a mesma oportunidade aos leitores do post. Tal como o comentador de Coimbra a minha predilecção vai para o acrescentamento de almas no purgatório, mas todas as parcelas têm a sua qualidade. Como não se encantar com a possibilidade de, por módicos 1.200 rs “Renovar o céu, arranjar as estrelas e limpar a lua”?
Gosto de imaginar o momento da encomenda da obra. O mestre pintor, o pároco, um ou mais devotos contemplando gravemente as magníficas pinturas, discutindo os restauros a realizar. Cada qual fazendo a sua sugestão, o pintor anotando, dando a sua opinião artística. E os respectivos custos. Um grande momento.

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SENTIDO DE HUMOR

>> segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Ter ‘sentido de humor’ é, creio eu, a propensão que algumas pessoas têm de apreciar o absurdo e o ridículo, a parvoíce dita e feita – inclusive a nossa própria. O humorista exprime essa propensão na escrita, ou no desenho e pintura. Quem não tem esses dotes, aprecia o absurdo em silêncio, consigo. E cada um tem o seu sentido de humor pessoal.
Ter sentido de humor não é virtude, não é qualidade, não é prova de superior inteligência, se bem que requeira poder de observação e alguma cultura. A criança não o pode ter, e o jovem está demasiado ocupado com a sua própria importante pessoa para que note com a necessária indulgência algum absurdo de outros. O sentido de humor é coisa da idade madura, quando já se tem vagar para observar e indulgência para notar o absurdo com um sorriso.
O absurdo de que falo é pequeno, insignificante. Observa-se, ouve-se em casa, numa sala, numa loja. Fixa-se. Relembra-se com gosto.
Dado que não se trata de qualidade ou virtude estou á vontade para dizer que tenho sentido de humor. “Que delícia”, digo para mim perante um desses pequenos absurdos que a vida corrente nos oferece. Se a coisa for particularmente suculenta sinto necessidade de a partilhar. Telefono à minha filha, que a saberá apreciar. Outra pessoa não lhe acharia a mesma graça, ou nem acharia graça nenhuma.
O sentido de humor vive, alimenta-se dos pequenos disparates.
-Como está o tempo por aí, Rosa?
-Péssimo, pessimista, minha senhora. A Rosa era uma fonte inesgotável de absurdos que me ficaram em grata memória.
O sentido de humor diverte e pode transformar a irritação em gozo.
No noticiário das 8 da manhã na Antena 1 preenchem-se por vezes os pequenos intervalos com canção berrada por meninas prendadas, com letra absurda. É tão mau, tão mau, que incomoda. Pensei escrever ao Provedor. Até que um dia me dei ao trabalho de ouvir uma daquelas obras até ao fim. Agora as ‘letras’ já não me irritam, o seu absurdo diverte-me. Gosto de ter sentido de humor.

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