Economia Doce

>> segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nos primeiros anos do século XIX a mulher portuguesa viajava pouco e se viajava era acompanhada, que assim é que devia ser. Maria Teresa e Isabel de Ornelas (irmãs de Ayres de Ornelas e primas de minha mãe) não se importavam muito com a opinião pública. Eram grandes viajantes e viajavam sozinhas. Inteligentes, curiosas do que se passava fora de Portugal seguiam conferências, visitavam exposições, falavam com gente de toda a qualidade e por toda a parte, e segundo consta, ao menor pretexto enalteciam as virtudes do seu país natal. Eram perfeitas – e gratuitas – embaixadoras culturais e económicas. Sucedeu que em Paris parassem um dia diante da montra de uma pastelaria e constataram com espanto e não pequena satisfação que a montra expunha doces regionais do Algarve. Pequenos cestos de vime com frutos em massa de amêndoa, Dons Rodrigos. Outros. Olharam encantadas. Depois baixaram os olhos, em letras doiradas sobre fundo negro leram: ”Faits par les sauvages dês cotes du Portugal”. Conta-se que entraram na pâtisserie, e em perfeito francês disseram o que tinham a dizer.
Esta velha história lembrou-me – não sei porquê – o enaltecimento económico do pastel de nata.

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