Sonhos
Não
acredito que os sonhos tenham significado especial, que sejam indicadores de
futuro acontecimento. Não creio que sejam sintomáticos da nossa personalidade,
mas penso que o mesmo conjunto de imagens vistas por duas pessoas não produz em
estes sonhos idênticos. Sonhos são mais um dos insondáveis mistérios do cérebro
humano. Não guarda a memória de um sonho por mais de minutos. Há dias, porém,
para meu espanto, tive um sonho que pretendo guardar.
Em
sonho estava com uma prima em uma rua ladeada de casas sem janelas; queríamos
um táxi, a prima sentou-se na beira do passeio enquanto eu fui procurar o táxi.
Percorri ruas, tal como a primeira ladeadas de casas sem janelas, sem gente,
sem carros, parecendo não levarem a lado nenhum. Vejo em uma rua, à minha
esquerda, o pórtico de uma igreja. Entro. Os bancos estavam vazios. Dirigi-me
para o altar. Notei que, junto das paredes laterais, como que a elas
encostadas, havia esculturas escuras. Tem graça, pensei, são em barro. Cheguei
perto do altar e parei. Frente ao altar, onde um padre rezava missa, estava uma
fila de homens, uns oito ou dez, pensei. Vestiam de burel e, às costas, traziam
escudos triangulares com armas pintadas. Um dos homens voltou por momentos a
cabeça para ver quem ali estava. Notei que tinha cabelo loiro. Saí, voltei para
junto da minha prima que continuava sentada no passeio. Acordei.
Com
ruas desertas sonho muitas vezes. São as ruas que a vista alcança da minha
casa, onde sucede não se ver vivalma. A igreja não espanta. Sempre gostei de
entrar em igreja deserta. Às figuras de barro encontro explicação. Ouvira há
dias falar da argila que se encontra na praia da Parede. Aos monges de escudo
às costas não encontrava explicação. Estudei a vida monástica feminina, não me
ocupei de ordens de monges e menos de ordens militares como indicavam os
escudos. Penso ter agora encontrado a explicação, e acho graça. O Mundial.
Notei nessa ocasião que os jogadores tinham o seu nome e um número na camisola,
decidira até questionar um sobrinho sobre essa particularidade. E aí está. O
meu cérebro, por razões e de formas inexplicáveis, ligou em sonho imagens que
recentemente lhe tinham sido transmitidas, e delas: de ruas, argila, igrejas, e
jogadores de futebol, formara quadros.
Se
fosse um mecenas da Renascença encomendava ao meu pintor que me pintasse dois
quadros, um de ruas de paredes altas sem janelas, outro de figuras de monges em
igreja deserta.
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