O Livro de Natal
>> segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
17. O livro de Natal
No Natal passado escrevi para a família, para circulação particular, um livro intitulado “Quando éramos pequenos”. Retiro dele o que se segue:
“Umas semanas antes do Natal chegava a nossa casa um pinheiro do Norte. Vinha de lá. O nosso pai era alemão, recebia da Alemanha uma árvore para o nosso Natal. A árvore ia para um quarto que estava sempre fechado, onde só entravam as pessoas grandes. O pai enfeitava a árvore com as bolas e estrelas prateadas que trouxera de casa dos pais dele, punha velas nas hastes da árvore, a mãe armava o presépio em baixo, ao pé da árvore, e, na véspera do Natal, pelas sete da tarde, tocava uma campainha, badalando que o menino Jesus chegara, e deixara presentes. Os meus irmãos e eu estávamos ansiosos à espera de ser chamados, de ouvir o toque da campainha, que nos dizia que podíamos vir. Entrávamos, emocionados, no quarto onde estava a árvore. Os presentes eram sempre, sempre, surpresa. Mas sabíamos de certeza absoluta, que um dos presentes seria um livro. Além do livro havia mais um ou dois presentes, mas o livro não faltava.
Era o “Weihnachtsbuch”, o “livro de Natal”. Começava-se aos três ou quatro anos pelos livros de estampas, de folhas duras, ou mesmo de pano, e com sete ou oito anos, recebíamos o nosso primeiro livro “bom”. Um livro a sério, “para ficar”. Eu recebi esse meu primeiro livro quando tinha sete anos. Eram os contos de Grimm, livro grande, grosso, com muitos contos que ainda não conhecía, com bonita encadernação, e ilustrações de página inteira. Ilustrações lindas, misteriosas, maravilhosas. O meu irmão mais velho recebeu nesse Natal, tinha oito anos, o livro das sagas alemãs. Eram visivelmente livros especiais, que não devíamos estragar com borradelas a lápis de cor. O primeiro livro de Natal que se recebia era para a vida. Eu ainda tenho o meu”.
2 comentários:
Bom Natal, Theresa e, principalmente, Bom Ano.
Beijo Grande
Teresa Sá Couto
Obrigada, Teresa, e o mesmo lhe desejo a si. E que continuemos a contactar para mútuo proveito. Aviso-a desde já que passadas as Festas lhe vou pedir conselho sobre editora para um livro que não é do género da Presença e que esta "libertou". Recomendo-lhe um livro que a minha filha me deu agora: Pierre Assouline, BRÉVES DE BLOG Le Nouvel Âge de la Conversation. Editora Les arènes. Um abraço e óptimas entradas no novo ano. Theresa CºBº
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