8ºLe Cauchemar du Pilon

>> sexta-feira, 7 de novembro de 2008

8. Le cauchemar du pilon
Pierre Jourde
Le Nouvel Observateur
30 octobre á 5 novembre 2008


O pesadelo do pilão
Todos os anos são triturados em França 100 milhões de livros.................
Setembro. Saem setecentos romances. Um deles tem a sorte de chamar a atenção dos média......o editor ....não hesita em se lançar em grandes tiragens, mobiliza os cronistas amigos.........o autor assina nos salões de livro.
Meados de Outubro..............Um peso pesado......passa os portões de uma grande empresa especializada na reciclagem de materiais. O camião descarrega um contentor com 10 toneladas de livros. 10 toneladas de livros rolam sobre o betão como 10 toneladas de batatas. Biografias ainda quentes do presidente da Republica, crónicas dos Jogos Olímpicos de Pequim, cadernos de exercícios de férias, romances de apresentadores de televisão escritos por mercenários, tudo à mistura com livros para criança, com fichas de cozinha, com enciclopédias..... um bulldozer empurra as 10 toneladas de livros para um tapete rolante que os conduz à trituradora......ouve-se o ruído das rodas dentadas que os desfazem..........
O drama repete-se várias vezes por dia.
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Pilão...... palavra que nunca se pronuncia entre os muros de uma editora...... Os escritores preferem ignorar.........os livros liquidam-se discretamente. como se liquidam os condenados no fundo das células...... O trajecto dos camiões entre o local de armazenamento dos livros e o pilão é rigorosamente controlado.......Por vezes um inspector examina o carregamento. Para evitar que os livros destinados à destruição sejam desviados e vendidos à socapa.
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..O espírito aspira a fazer-se carne. Aspira a alcançar o peso, a espessura, a evidência das coisas. O livro realiza parcialmente esse sonho. Sob o pilão o sonho vira pesadelo. ... o livro é remetido às dimensões do peso e da quantidade........O século XX sacralizou o livro e o individuo, e foi justamente este que concebeu os métodos industriais da sua destruição.
Armazenam-se durante um tempo as obras que se vendem mal e acaba-se por destruí-las. A trituração dá-se por vezes logo que os livros mal vendidos saem das livrarias. E o pilão não é só a sanção de uma má venda. O sucesso estrondoso de um autor produz tanta trituração como um fiasco ......... Não é raro um editor decidir logo de entrada imprimir milhares de livros para triturar. A missão deles será de impressionar, de transmitir o sentimento da importância da obra. É preciso mostrar-se, fazer volume nas FNAC, arrasar a concorrência pelo peso. A acumulação de 100 000 livros fará comprar 50 000. Os outros 50 000 serão triturados, . O pilão é menos dispendioso que o armazenamento. Até rende. 100 E por tonelada de papel.

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