Editoras

>> segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O primeiro livro de ficção que apresentei – timidamente – a uma editora foi “ As Casas da Celeste”. Disseram-me muito simpaticamente, que, caso se tratasse de um livro inglês – ou outra língua que não o português – que o podiam publicar, mas assim, não.
Um amigo que acreditava no livro decidiu mostrá-lo a outra editora.
- Não o podemos publicar. Bem vê – O meu amigo viu.
No livro um camarada, do qual se troça ligeiramente. Pouquíssimo, comparado com outras figuras, mas o bastante para incomodar o “partido”.
O livro foi depois publicado e não incomodou ninguém. As razões das editoras para aceitar ou rejeitar um livro nem sempre são compreendidas pelos autores. Experimentei-o recentemente, de novo. Perguntei à minha editora se estava interessada num livro sobre a sociedade aristocrata portuguesa no séc. XIX, baseado na correspondência de uma senhora dessa sociedade e suas filhas. De 1834 a 1911.
- Muito interessadas, mas queriam ver primeiro um apanhado. Achei justíssimo. Mandei logo um apanhado.
Resposta – Que lamentavam, mas que não interessava porque” não tinha pessoas conhecidas”. Considerando que aquelas senhoras eram mulheres cultas, que liam os jornais de toda as cores, que se interessavam vivamente por política, que por laços familiares estavam ligadas a muitas das figuras políticas da sua sociedade, que conheciam pessoalmente e contactavam com as figuras régias , e que sobre elas escreviam, e as comentavam, e que no índice onomástico se nomeiam 390 nomes de políticos de esquerda e direita, de rainhas e reis, de várias nacionalidades, de pintores e escritores, não sei que nomes conhecidos do séc. XIX, possam faltar. A editora lá saberá.

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