Folhetos. Cono os guardar e porque guardar

>> segunda-feira, 27 de abril de 2009






Folhetos. Como os guardar e porquê.
Um dia pedi a um encadernador que, por favor, me fizesse, o mais depressa possível, duas grandes caixas em forma de livros, com bonitas lombadas, em que no rótulo se lesse “Olissiponense” com uma estrelinha por baixo, em um dos volumes, e com duas no outro. As caixas-livro vieram em tempo record, bonitas encadernações meio inglesas e preço correspondente, e logo, com grande alivio, as enchi dos folhetos que ali tinha sem saber onde os arrumar.
Na caixa de uma estrelinha arrumei uma colecção de folhetos de cordel e uma sobre o terramoto de 1755. Na caixa de duas estrelinhas arrumei trinta e quatro pequenas obras, na maioria impressas no séc XIX, sobre monumentos de Lisboa, acontecimentos celebrados ou sucedidos em Lisboa, enfim uma verdadeira miscelânia olissiponense.
Jurei um dia que nunca faria colecções. Nem colecções de selos, nem colecções de dedais, nem de caixas de fósforos, colecções nunca. Também em matéria de livros estava decidida a não me meter em colecções, e cumpri. É verdade que tenho algumas colecções, mas são sempre coisa pequena, não são aquilo que se entende por colecção.
As colecções começam em geral por acaso. Talvez pela aquisição fortuita - porque num leilão nos apeteceu, porque lhe achámos graça num alfarrabista - de uma qualquer obrinha sobre determinado tema. Vamos-lhe juntando parceiros quando os encontramos. Foi assim que arranjei, sem querer, por acaso, uma pequena colecção de folhetos de cordel e outra sobre o terramoto de 1755.
Percorrendo as prateleiras da Livraria Ultramarina de José Maria Almarjão dei com uma fila de livrinhos sem capa com títulos jocosos. Perguntei o que era aquilo.
--Então não sabe? É literatura de cordel.
São pequenas peças, pequenos "entremeses", nos quais duas a quatro figuras discorrem com mais ou menos graça sobre os acontecimentos do tempo, ou sobre temas eternos como o amor, o dinheiro, a falta dele etc. Designavam-se assim, de cordel, porque os livrinhos – os folhetos - se ofereciam ao público pendurados (enfiados? escarranchados?) em cordéis. Comprei alguns. A partir daí aconteceu o que tinha que acontecer. Quando encontrava um, juntava-o à colecção. Mas, como disse, não sou uma verdadeira coleccionadora, nem os folhetos eram tão apaixonantes, a dada altura parei. Tenho uns vinte e quatro, e acho que chega para saber do que se trata. Estão na caixa de uma estrelinha.
Os folhetos são em geral de pouquíssimo ou nulo valor literário, mas são uma boa fonte de informação sobre os costumes dos séculos XVIII e primeira metade de XIX. Tenho um folheto intitulado: "Os Banhos de Mar na Junqueira e sítio de Santa Apollonia, vistos da terra pelo Olho crítico de ver as coisas como são", diálogo entre duas vizinhas sobre os banhos na praia da Junqueira, que nos faz pensar que as praias de nudistas da Caparica tinham um rival na da Junqueira. O que mais ali se apreciava, diz a vizinha banhista à outra, era a liberdade:
“--O meter-se na água é o menos. O mais é aquele desafogo, aquela liberdade, aquela sem-cerimónia....Ali não há diferença, nem excepção de pessoas. O branco, o preto, o moço, o velho, a casada, a viúva, a solteira..... enfim, numa palavra, tudo, tudo está misturado....
--Pois os homens estão no banho misturados com as mulheres, pergunta a vizinha mais adiante
--Pois que tem? Isso é alguma bicha de sete cabeças?
E a outra:
--E Vossa Mercê despe-se ali nalguma casa?
--Casa! Qual casa! Vossa mercê está sonhando. Quem deu lá casa numa praia. Cada um se arruma como pode. Ali não há cerimónia porque tudo é um...........Eu quando chego, vou para ali para onde se acerta, e dispo-me. Quem me não quer ver, que não olhe para mim”
E por aí fora.
Tenho outro folheto, que também me parece de algum interesse, esse, em duas partes, datadas de 1788,9, que se intitula “O SÁBIO EM MÊS E MEIO. Obra que da experiência de seis anos de Coimbra destilou hum estudante de Leys. Oferecido a todos aqueles que se destinam à vida escolástica na mesma universidade”. Parece-me curioso como informação sobre o dia a dia do estudante de Coimbra daquele tempo, seu vestuário, comida, dinheiro, etc. Em matéria de alimentação era preciso o rapaz ter cuidado ao contratar com as mulheres que forneciam comida. Eram conhecidas por “amas dos estudantes”. Faziam comida em suas casas, e o estudante podia fazer a sua escolha: “ou por ajuste, ou por um rol daquilo que mandam”. Aconselha o autor, que “ao fazer o ajuste”, o estudante o fizesse sempre com estas condições: ”ao jantar tanto de pão em sopas, tanto de vaca, tanto de arroz etc., à ceia tanto d’ervas, tanto de peixe, ou carne etc. E diga logo que em não mandando por isto a certas horas, que não vale”.
Não tenho suficiente conhecimento da vida estudantil conimbricense para poder avaliar se há alguma novidade na obrinha.
Ignoro quantos destes folhetos de cordel sobrevivem nas bibliotecas públicas, um amigo bibliófilo tem, crreio eu, perto de mil, eu tenho uns módicos vinte e cinco exemplares. O que, do ponto de vista literário, tem pelo menos uma vantagem: é que eu os li, o que os coleccionadores que têm centenas decerto não fizeram (desculpe Paulo, se me engano).
A segundo colecção da caixa, é de folhetos sobre o terramoto, e começou quando encontrei o relato daquele dia em alemão, publicadp em Danzig (o Gdansk de hoje). Em alemão, ninguém lia, comprei-o eu. Fui juntando mais alguns desses relatos publicados em folhetos. Mal os lisboetas se refizeram do susto, brotaram poetas e prosadores que relataram e cantaram o acontecimento. Predominam as “sylvas” – composição poética em que se alternam versos de dez e seis sílabas, segundo Cândido de Figueiredo - e os “Paréneses” que, segundo o mesmo, é um discurso moral em verso. Não serão grandes poemas esses relatos poéticos, alguns são mesmo muito maus, mas não se consegue troçar deles. Sentimos que os seus autores estão tentando o impossível: exprimir em verso os horrores que viveram naquele dia. Os relatos em prosa são um pouco melhores, ou antes menos maus. Mas de todos se retira alguma informação. Assim fiquei a saber que a cidade de Coimbra foi relativamente poupada no dia 1 de Novembro. Em “THEATRO LAMENTÁVE, SCENA FUNESTA.....causa natural e mystica do mesmo” lê-se que no dia 1 de Novembro “tremeu a terra porque já não podia suster tanto vicio” - todos os autores atribuiam aquela revolta da terra aos vícios do homem - mas, como mais adiante se lê, em Coimbra o terramoto “não causou mais que o susto”. Devia haver menos vicio por lá. Dos cimos dos edifícios as bolas de pedra e as pirâmides que os ornamentavam, caíam sem ferir ninguém. Os tetos das igreja esperavam pacientemente pela saída dos fieis antes de se desmoronarem: “A abobada do antigo colégio de S. Domingos, com o tremor começou a cair aos pedaços, e esperou, como se fosse capáz de conhecer, que saísse a gente para cair em terra e apanhando ainda uma mulher. lhe rompeu o vestido sem ofender o corpo”. Os casos desse género sucedem-se, os telhados das casas e abobadas das igrejas caiam, tendo o cuidado de não ferir alguém.
A gratidão da população manifestou-se em promessas e procissões, e por fim, toda a cidade, “por insinuação do excelentíssimo senhor Bispo Conde jejuou um dia a pão e água”.
Pareceu-me apropriado juntar aos folhetos sobre o grande tremor de terra, um folheto sobre outra calamidade. Em 1732 houve uma terrível tempestade em Lisboa e arredores, e um anónimo ficou tão impressionado, que decidiu coligir o que se sabia sobre outras tempestades e fazer um estudo sobre a matéria. Começou pelo dilúvio. O qual se deu, informa-nos o anónimo autor, “no dia decimo sétimo do mês de Abril, por ter começado o mundo em Março (como diz Pineda)”. Sessenta anos depois desse primeiro dilúvio haveria outro, um pouco mais pequeno, e a partir de aí, os elementos não descansaram: “dilúvios, pestes, terramotos, tempestades, inundações, raios e furacões...”, ao autor nada escapa em matéria de calamidades, com especial atenção às sucedidas em Portugal. O folheto intitula-se: “A FENIX DAS TEMPESTADES, renascida no dia 15 de Outubro de 1732, com um discurso sobre a origem dos ventos, composta e ordenada por um Anonymo”. Quem quiser saber em pormenor dos estragos causados em Lisboa e arredores pela tempestade de 1732 terá toda a vantagem em consultar “A Fénix das tempestades”.
Porquê guardar isso tudo, vale a pena? É pergunta a que não sei responder. Ali estão, em todo o caso, bem arrumadinhos: entremezes, sylvas, paréneses, discursos, relações, sermões. Sempre são livros, não são?

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As fontes

>> segunda-feira, 20 de abril de 2009


Os documentos como fontes

Quando a revolução francesa confiscou os bens das casas nobres e das instituições religiosas, o estado francês viu-se a braços com a riqueza documental dos arquivos seculares das famílias antigas e das instituições religiosas. Percebeu-se que era preciso organizar aquela papelada toda e, em 1821, já depois da restauração da monarquia, nasceu a ‘École des Chartes’, com o fim de formar homens que soubessem ler e interpretar os documentos antigos. E escrever sobre o passado baseados neles.
Em Portugal, onde no séquito da França, se tinham abolido as ordens religiosas, a Torre do Tombo, a Biblioteca Nacional, a da Universidade de Coimbra, e outras, viram-se inundadas do recheio dos arquivos que lhes chegavam às carradas dos conventos e mosteiros. Quando se aboliram por sua vez os morgadios, e os bens patrimoniais passaram a ter de ser divididos por mais que um herdeiro - para em lugar de um rico ou remeado e quatro pobres, ficarem cinco pobres – foi necessário ler os contratos e outros documentos antigos que estavam no cartório da casa para saber o valor das propriedades a dividir. Surgiram outros documentos de interesse histórico, que há séculos dormiam pacificamente o sono dos justos em baús e armários.
Percebeu-se que a história que até ali se escrevera não assentara em bases sólidas, que era agora, com aquela documentação vinda do longínquo passado, que verdadeiramente se podia perceber esse passado, e se podia escrever sobre ele. Porque toda a gente queria agora saber como aquilo tinha sido, e se os reis, aqueles sem vergonha, tinham dito a verdade ou não, quando diziam que tinham feito isto ou aquilo pelo povo.
-E os cronistas?
-Ora, esses escreviam o que os reis lhes mandavam, se calhar é tudo mentira.
Já não se queria escrever sobre o passado sem procurar saber o que os homens desse passado tinham dito e feito, e para isso era preciso consultar os documentos do passado, havia que ir às fontes, aos documentos originais.
Era só querer, documentos não faltavam. Documentos régios, documentos das câmaras, documentos dos mosteiros e conventos, e, para quem sabia procurar, os documentos dos cartórios das antigas famílias, alguns já nos arquivos públicos, outros ainda em mãos de seus antigos possuidores, tudo aquilo ali estava, à espera de ser aproveitado para recrear convincentemente o passado, para poder escrever sobre ele sem fantasia, como até ali sucedia.
Consigo muito bem meterem-me na pele daqueles historiadores que primeiro se abalançaram a escrever história baseados em documentos originais. À minha modesta maneira foi isso que fiz. Fui às fontes para os livros que escrevi. Por necessidade evidentemente, por achar que assim é que se devia fazer, mas também pelo gosto de sentir directamente como as coisas eram, e isso só sucede quando se mexe directamente nos papeis e pergaminhos dos arquivos.
O meu primeiro livro foi sobre a vida de um dos restauradores de 1640, que foi militar, e depois diplomata. Viveu a guerra no Alentejo, negociou como diplomata os casamentos de D. Catarina de Bragança e de D. Afonso VI. Com resultados não totalmente satisfatórios, mas isso não vem para o caso. O que ele tinha escrito enquanto militar e diplomata, não me faltava, no arquivo da minha família materna - que eu organizara - tinha em abundância a sua correspondência e outra documentação, mas era preciso saber o que tinham dito os outros. Saber o que se dissera no tempo sobre as operações multares, ler as actas do Conselho de Guerra, procurar algum relato dos feitos. Com a nomeação do homem para embaixador, era preciso saber o que tinham dito os ministros ingleses e franceses com quem ele tinha negociado e tratado. Candidatei-me a uma bolsa da Gulbenkian, que obtive, e pude consultar nos arquivos ingleses e franceses os documentos dos respectivos ministros e diplomatas.
Para o livro que intitulei ‘Na rota da Pimenta’ não houve problemas de leitura e deslocação, a documentação que mais interessa aos Descobrimentos está na sua maioria impressa.
Também não precisei de grandes deslocações para escrever sobre a vida monástica feminina em Portugal, assunto que muito me interessava, a maioria dos arquivos dos grandes mosteiros encontram-se na Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional. Mas era preciso ler documentos com letra bem diferente da letra do século XVII a que me habituara. Fotocopiei, recopiei em casa, e à força de ler os documentos originais fiquei com uma ideia do que era em Portugal, no longínquo passado, a vida das mulheres em religião.
À leitura das fontes, segue-se a sua interpretação critica. Tome-se este caso da vida monástica das mulheres na Idade Média. Em Portugal, os autores do século XIX entusiamaram-se com a possibilidade de encontrar nos arquivos provas das vergonhas que se passavam nos mosteiros. Estudaram os documentos, e não muitos, com esse fim em vista. Há agora outro género de curiosidade sobre a vida monástica.
. Os cartórios monásticos encheram-se pelos anos fora de actas de doação, de contratos de arrendamento e de aforamento, de correspondência com as autoridades religiosas, de contratos com os andarilhos que levavam o correio a Roma. Há periodicamente compilação de documentos que interessavam à administração da grande casa. Abadessas conscenciosas mandavam copiar cartas de doação, pedir treslados de contratos, de arrendamentos, de doações. Abundam nos arquivos esses “apanhados” de documentos antigos para basear ou defender uma pretenção, Os mosteiros albergavam muita gente, os edifícios necessitavam de constantes reparações, guardavam-se os contratos com os mestres das obras, com os fornecedores de bens. E não faltavam os inevitáveis pleitos, com a respectiva documentação.
O autor que hoje pretende escrever sobre a vida nos mosteiros femininos, com o propósito de entender o que se passava e como se passava a vida nos mosteros, e não pró ou ou contra eles, esse vai estudar os contratos de doação, de compra e de venda de terras, os do arrendamento e aforamento destas, vai ler os documentos que tratam do relacionamento por vezes tempestuoso das abadessas com os bispos e reis, e aqueles que referem às questões com os foreiros, com os inúmeros assalariados de um grande mosteiro. Não vai ignorar os problemas de vivência, os escândalos que se deram e o porquê deles. Vai-se meter dentro do tempo e dos condicionamentos daquele tempo, e tirar as suas conclusões. Considerando as coisas como elas eram naquele tempo, não como elas, no seu parecer de autor moderno, deviam ter sido.
Gostava de saber exprimir o prazer da pesquisa das fontes, do momento em que se encontra aquele documento que prova uma suposição, que concluie um raciocínio, que explica uma duvida. Não me esqueço da alegria quando na biblioteca de Évora encontrei logo duas descrições coevas da batalha de Montijo, da qual eu até ali não conseguira perceber os verdadeiros movimentos.
Menos agradável é encontrar algum documento que prova que afinal nos enganámos numa afirmação, num raciocínio. Acontece, e pode obrigar a complicadas modificações.
Uma pergunta que me coloco por vezes é se a correcta e completa consulta das fontes, aliada à seriedade na sua avaliação, aliada à indispensável imaginação histórica, permitem ao escritor mostrar de facto como aquilo “na verdade fora”, segundo a exigência de Ranke. Mostrar como foi segundo os documentos, sim, mas mostrar como realmente fora para quem vivera os acontecimentos, isso nunca será possível. Mas isto já entra na questão de como escrever História, e estas minhas amostras de escrita histórica não tem nada a ver com isso, serviram só para exemplificar o uso de fontes documentais.

O que dizem os outros
“A Revolução francesa não se contenta com mudar o sistema político, administrativo e judicial francês, suprime também, juntamente com as ordens sociais, os lares da vida científica: academias, sociedades, ordens religiosas, vende os seus bens, destroi-lhes os monumentos, apodera-se das suas bibliotecas e das suas colecções, dispersa e destrói os seus arquivos. No seio da própria Convenção homens como o abbé Grégoire insurgem-se contra esse vandalismo. Numa certa elite intelectual, que sob o Consulado e o Império estará no poder, manifesta-se o sentimento que é preciso preservar o património que aquilo representa”.* (m/tradução)
Em 1821, já no reino de Luís XVIII, é então criada a “École des Chartes”.
*LÉcole des Chartes de la Monarquie a la Republique, une histoire intelectuelle et politique (1621-1921) Bruno Delmas
em http.//www.archiviodistato.firenze.it/atti/aes/delmas.pdf

Observações à margem
Ficaram-me boas recordações de bibliotecas e arquivos que frequentei nas minhas pesquisas. E nem todas de ordem histórica. Assim, por exemplo, quando fiz uma consulta de documentos diplomáticos franceses no Arquivo dos Negócios Estrangeiros, no Quai d'Orsay, trabalhava lá, ao mesmo tempo que eu, um jovem padre italiano, que era a encarnação da beleza masculina. Considerei-o na altura o homem mais bonito que jamais vira.
No gabinete de manuscritos do Museu Britânico fui severamente repreendida por usar uma Bic. Lera à entrada, que era proibido usar o ‘ballpoint pen’, julguei que era uma caneta especialíssima, perigosa, não pensei que se tratava da Bic. Deram –me um lápis, e no dia seguinte levei a caneta de tinta permanente, que essa se podia usar. Curioso.
Na Torre do Tombo anotei entusiasmada a cota de um maço de documentos soltos do mosteiro de Lorvão, onde encontrara uma quantidade daqueles papeis recortados, que se usavam para proteger os grandes selos de lacra. Eram verdadeiras obras de arte de recorte, mereciam futura revelação. Perdi a cota.
Da Bibliothèque Nationale em Paris recordo a pesquisa que lá me levou, e a dúvida, se teria a sorte de encontrar a obrinha, que sabia existir, mas da qual ignorava o título, sobre os costumes e a etiqueta da corte de Borgonha, redigida nos meados do século XV pela filha de D. Isabel de Sousa, uma senhora portuguesa, que vivera na corte ao serviço da Duquesa, infanta D.Isabel de Portugal. Uma fonte importante para apoiar os argumentos que apresentava em livro que estava escrevendo. Pesquisa bem sucedida, felizmente, com a ajuda de duas bibliotecárias,

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Ironia. Aspas ou ponto de exclamaçao?

>> segunda-feira, 13 de abril de 2009



Aspas ou ponto de exclamação?
Quando eu andava na escola, usava-se nas escolas alemãs um livro, conhecido pelo “Lange” ( do autor, que se chamava Richard Lange), que continha exercícios para ensinar de como aplicar as regras de gramática, de sintaxe etc. Eu adorava o Lange, era com verdadeiro entusiasmo que me lançava naqueles exercícios. Passar frases do presente para o ‘Plusquamperfect’ – era assim que em alemão se dizia do ‘mais que perfeito’ - encaixar as frases secundárias nas principais, que delicia! E os sinais de pontuação! Quando pôr o ponto de exclamação, quando usar aspas, etc. Visto isto, não é talvez de espantar, que me viesse agora esta curiosidade pela história da escrita e as subtilezas dela. E lá voltamos à leitura silenciosa.
No livro sobre a história da leitura, de que falei num anterior post, o autor, H.J. Griep, escreve que nos primeiros anos da Roma Imperial se dera um aumento de leitores, mas que a leitura ainda não devia ser fácil para a maioria dos romanos, que aqueles que sabiam ler, o faziam murmurando, e que a leitura totalmente silenciosa devia ser ainda muito rara.
Para os que dominavam a técnica, a forma de o fazer dependeria da situação em que o leitor se encontrava – se em lugar publico, se privado - e, sobretudo - da forma em que estava escrito o texto que ele estava lendo. Se este “era todo escrito em maiúsculas, como sucedia em avisos públicos de qualquer sorte, a coisa não seria difícil. Mais difícil era a leitura dos rolos de texto, e dependia muito da forma da letra usada.” (Griep)
Em alguns dos volumes - volumina - os textos eram escritos em parte em cursivo “ou seja algumas palavras eram escritas juntas, sem que se seguisse uma regra certa”, e tanto produtores comerciais como copiadores privados colocavam a seu gosto sinais, “interpunktiones”, entre as palavras, indicando a pausa que na leitura em voz alta aí se devia fazer.
Grieb pensa que os leitores mais experimentados deviam preferir um texto neutral, no qual eles próprios podiam intercalar sinais que os ajudassem na leitura.
O ponto parece que foi o primeiro sinal a apontar. Que vem de muito longe. A simpática vírgula terá aparecido por volta do séc. VII da nossa era. De aí para diante foram nascendo e se estabelecendo os numerosos outros sinais, e com a descoberta da impressão instalaram-se definitivamente os sinais de pontuação que todos conhecemos. Que continuaram a ter por unico objectivo o de ajudar “fisicamente” a leitura. Parece que só em fins do século XVIII se reconheceu verdadeiramente a importância que os sinais de pontuação tinham para a melhor compreensão de um texto. Surgiram as primeiras obras de regras para o emprego dos sinais.* (sobre este aspecto da questão: www.la-ponctuation.com/histoire-ponctuation.html)
Levara-se séculos e séculos para ali chegar, mas finalmente lá se estava, O autor do texto podia exprimir melhor os seus pensamentos, fazer alusões, reforçar afirmações, etc Qualquer um, pensador, poeta, romancista, todo o comum mortal, que quisesse dar a entender a outro por escrito aquilo que lhe diria por palavra, passou a ter as necessárias ferramentas e regras para o fazer. Com um pouco de jeito, podiam-se transmitir de autor a leitor as mais variadas subtilezas.
Tome-se, para o exemplificar, o caso da ironia. É extremamente difícil de “dar a entender” - quer por escrito, quer por palavras – que, quando escrevemos ou dizemos isto ou aquilo, estamos a “ironizar”.
Que a ironia consiste em dizer o contrário do que se está pensando, simultaneamente dando a entender que não se quer dizer o que se está pronunciando, creio que todos sabemos. Raras vezes porém se frisa que a ironia não existe verdadeiramente sem parceiro, que precisa de parceiro que entenda que estamos a dizer uma coisa, e que na realidade pensamos o contrário do que estamos afirmando, que estamos “a ironizar”, que estamos “só a brincar” Não tendo à nossa frente quem esteja na mesma onda que nós, a coisa não é entendida.
Um exemplo. Um politico está em conversa com outro político. Acabaram de obter um exito magistral. Um diz ao outro: “como eu odeio a politica!” A sua expressão facial dará naturalmente a entender ao outro, que quer dizer o contrário, que está a “brincar”, mas o outro nem precisaria de lhe ver a expressão para perceber que o colega pretende dizer o contrario. Porque ambos estão na mesma onda.
Mas alguém que os oiça, que não esteja na mesma onda e que não faça ideia do que seja ironia, poderá tomar o dito à letra, e se for jornalista, escreverá com convicção no seu jornal: “o senhor ministro XX declarou ontem publicamente que odeia politica”.
Outro exemplo, mais comezinho: ao almoço, em minha casa, aparece um assado que cheira a esturro. Desculpo-me às minhas convidadas: “desculpem, o chefe não está nos seus dias”. Como as convidadas são minhas sobrinhas, percebem que o chefe é a empregada a dias. Percebem, porque me conhecem, e sabem que sou useira e vezeira desse tipo de ironia, de exagerar por ironia. Uma desconhecida que por acaso me ouvisse, podia pensar que a minha cozinha era presidida por cozinheiro de barrete branco na cabeça.
Em resumo: ironia falada completa-se quando quem a ouve está na mesma onda e quando é alguém que sabe o que é ironia e a aprecia. Ironia precisa de parceiro certo.
E quem diz ironia falada, diz ironia escrita.
Queremos dar a entender a outro, que certa frase ou palavra que escrevemos tem outro sentido: ou que é o contrário do que afirmamos, ou que com ela exagerámos ou a qualidade, ou o tamanho, ou a quantidade de determinada coisa? Colocamos a palavra, a afirmação, entre aspas, ou fazemo-la seguir por uma série de pontos de exclamação ou de pontinhos. Se o leitor estiver na nossa onda, perceberá a nossa intenção, perceberá que se trata de ironia. Se não o estiver, ou não souber o que seja ironia, não nos entenderá. Ironia pede sintonia nos conhecimentos.
Veja-se o que se passa com a nossa Europa nas mãos de Vasco Pulido Valente.
Vasco Pulido Valente tem imenso dó da velha Europa, escreve: “Europa”; VPV acha a Europa um caso perdido, escreve: “Europa”, VPV acha que os portugueses têm ilusões quanto a este continente estar quase unificado, escreve: “Europa”.
Eu entendo a classificação pelo que é, por ironia, mesmo que não concorde e em geral não concordo - com ela. Mas não tenho duvida que muito bom leitor pensa que Europa se escreve agora com aspas
VPV usa aspas para exprimir a ironia, eu também, e até em exagero, segundo me dizem. Um amigo meu usava pontos de exclamação. Três, quatro, mais, por vezes. Fazendo-lhe eu um dia uma observação sobre o seu uso imoderado de pontos de exclamação, ele observou que se comparava favoravelmente com o meu uso demesurado de aspas. Calei-me.
Esse utilíssimo sinal, que por cá se designa por aspas, designa-se em francês por ‘guillemets’, em atenção a mestre Guillaume, impressor do seu ofício, que, em 1523, achando que fazia falta um sinal que sinalizasse uma citação, ou alguma expressão pouco usual, teria inventado esse duplo sinal, que se coloca antes e depois da citação.
Há agora autores que não reconhecem o mérito dos sinais de pontuação, não gostam de aspas, desdenham o ponto e a vírgula, escrevem sem parágrafos, e praticamente sem pontuação. Perdem uma leitora. Eu quero pontos, quero vírgulas, quero parágrafos colocados pelo escritor, não quero ser obrigada a colocar eu as vírgulas e os pontos e os parágrafos. Não vejo razão para me exigirem esse esforço. Ainda admito que não se goste da vírgula, mas quando se trata de parágrafos todo a minha mente, solidamente nutrida de exercícios do Lange, revolta-se. Porque razão havemos nós de regressar à Idade Média em matéria de escrita?
* www.la-ponctuation.com/histoire-ponctuation.html)

Observações à margem
Ainda a ironia
Para exprimir a ironia nem sempre se requerem sinais. Que melhor exemplo do que a primeira frase de “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen: “É uma verdade universalmente reconhecida, que um homem, solteiro, possuidoe de uma boa fortuna, tem de estar à procura de mulher”.

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Ler ou nao ler. Eis a questao

>> segunda-feira, 6 de abril de 2009


32. Ler ou não ler. Eis a questão
Há livros que não consegue ler?
Clifton Fadiman, que foi um conhecido crítico literário americano, confessava no seu Reading I've Liked, que havia livros – estava falando de ficção - universalmente reconhecidos como grandes, que ele durante anos tentara ler sem o conseguir. Nomeava à cabeça ‘Os Irmãos Karamazov’ de Dostoievsky. Tentara-o pelo menos dez vezes, escreve ele, e acabara sempre por desistir. Até que um dia tentou de novo e conseguiu. Leu e gostou.
Ainda estou à espera desse momento, ainda não fui capaz de ler os Irmãos Karamazov. Nem o Dom Quixote. Em um e outro pego de vez em quando, leio um parágrafo aqui, um parágrafo ali. A apresentação do pai Karamazov no primeiro parágrafo do livro é uma maravilha de exposição de carácter. Mas fico por ali. No Dom Quixote, se o abro numa reflexão do Sancho Pança, penso que deve haver em mim uma falha por não conseguir ler aquilo do princípio ao fim. Como é o caso. Há livros assim, reconhecidamente grandes, que fazem as delícias de alguns leitores e são ilegíveis para outros.
Também entram na categoria dos livros que não consigo ler, algumas das grandes obras de ficção da actualidade. Não me tentam os livros obscuros. Obscuros, não confundir com difíceis. Foi um género literário que nasceu em fins do séc. XIX como reacção aos livros realistas, e que, sob uma ou outra forma, periodicamente renasce.
Emile Faguet, dedica no seu ‘Art de Lire”, escrito em 1913, um capítulo aos autores obscuros do seu tempo. Tinham amadores entusiastas, escreve ele, naqueles para quem o livro não se devia revelar de imediato, que gostavam de procurar o pensamento que se escondia detrás das palavras e frases incompreensíveis ao leitor comum. Mas que eles compreendiam.
“Assim se formam em torno de certos autores umas elites que lhe agradecem ele ser impenetrável”. Há nelas, diz Faguet, aqueles que não compreendem, que sabem que não compreendem, e que fingem compreender e admirar. Há os que compreendem realmente qualquer coisa, pouco, mas alguma coisa. E, enfim, há os outros, os verdadeiros devotos do culto, que só sabem admirar o que não compreendem.
--Devemos nós ler esses autores difíceis, dos quais sabemos que de entrada nada compreenderemos?--pergunta o potencial leitor. --Sem dúvida,-- responde Faguet. --O exercício pode ser cansativo, mas é são e útil. É a tradução de uma linguagem cifrada. Há que encontrar a cifra. Não se pode passar a vida a procurar cifra e a decifrar, mas de vez em quando a coisa não é nem sem proveito, nem sem prazer.-- Faguet dixit. Não me convenceu.

Há livros que já não consegue ler?
Há ainda aqueles livros, que um dia lemos com gosto, até com entusiasmo, e que, anos passados, não nos dizem nada, ou antes, dizem que não os queremos ler de novo. No meu caso, de Aldous Huxley, Point Counter Point, nem vê-lo. De Steinbeck, só conseguiria talvez ler Tortilla Flat, e, a esse, sem duvida, o seu encantador livro de viagem pela América com o cão. Creio que os livros que menos resistem ao passar dos anos são aqueles que foram escritos com um fim, ou num clima de intenso debate ideológico, e ainda os muito intelectuais, Point Counter Point é um exemplo disso. O curioso é que não os deitamos fora. Já não gostamos deles, temos a absoluta certeza que não os vamos reler, irrita olhar para eles e pensar no espaço que estão a ocupar, mas eles ali ficam. Desafiam-nos a deitá-los fora. Sabem que não o faremos. Talvez os ponhamos na segunda fila da prateleira. A mais não nos atrevemos, e eles sabem-no.

Relê livros?
Abel Barros Baptista escreve em A Infelicidade da Bibliografia, que o poeta João Cabral de Melo, sempre que viajava, oferecia os seus livros a escolas e bibliotecas, e que Jorge de Lima era da opinião que os livros eram para ser lidos e passados adiante. Concordo com o autor do artigo, quando ele pergunta: "Quem lê pelo prazer de ler, quem relê os clássicos não há-de gostar de conservar os livros que leu e releu?" Eu vou mais longe. Não só os clássicos. Como é possível desfazermo-nos de livros nada clássicos, mas que nos deram prazer, que esperamos um dia tornar a reler e que queremos ali nas nossas estantes à nossa espera? No meu caso, há muitos que nem esperam por muito tempo.
Há livros que releio quase todos os anos. Alguns conforme as estações, é uma questão de atmosfera. Dias de chuva, dias tristes? Maigret. Não passa um inverno sem reler os livros do comissário Maigret. Prelúdios de bom tempo, saudades do calor? A Ilustre Casa de Ramires, o calor de Oliveira, as janelas fechadas da grande casa do Barrolo e as sangrias frescas que um criado trazia.
A outros livros releio porque, porque, não sei explicar porquê. Porque aprecio não só o texto como a prosa. É o caso de “L’histoire des Girondiens” de Lamartine. Já não volto provavelmente a fazê-lo, mas li os seus oito volumes pelo menos três vezes. Pela incomparável prosa, não pela correcção histórica que é duvidosa. Releio quase todos os anos o "Primeiro Círculo" de Solyenitzine. Tantos outros, obras boas demais para serem lidas só uma vez.
E a melhor re-leitura é, para mim, aquela que faço de um livro que acabei de ler, que li demasiado depressa, do qual não apanhei todas as subtilezas, ou do qual, porventura, não compreendi certos pormenores. Relê-lo então, com vagar, é a melhor das re-leituras.
Clifton Fadiman, que já citei, não punha a questão se relia ou não. Questionava-se sobre o género de livros que relia: "Estou há tempos procurando determinar que tipo de livros eu releio com prazer. Todos nós sabemos que, infelizmente, uma personagem atractiva tem muita vez pouco a ver com as qualidades morais e até físicas dessa pessoa. É muito possível gostarmos imenso dum homem que ignora a sua mãe. Até a mãe gosta dele. E da mesma forma, aquilo que eu chamo a qualidade mágica - aquela qualidade que faz com que eu o queira e possa reler - não está necessariamente dependente da importância do livro, do seu peso intelectual."
Exactamente. Se assim fosse, se a ‘qualidade mágica’ dependesse da importância ou do peso intelectual do livro, relia eu, como faço, os livros de Lucy e Mapp?* A minha filha não percebe. Temos gostos diferentes. Eu delicio-me com a luta de Lucy e Mapp pela supremacia social numa vilória inglesa. E se dependese do peso intelectual, relia eu livros que em seu tempo se escreviam para raparigas e até alguns livros para criança? Relia eu os livros de Marlitt e de Ottilie Wildermuth, autoras alemãs do século XIX, nenhuma delas citadas em livros sobre grande literatura alemã? Que me encantam e sossegam o espírito com as suas histórias calmas, vividas em pequenas cidades, nas florestas da Turingia, nos vales da Suábia. E se me perguntassem por um livro de qualidade mágica, não hesitava em citar um dos livros de Ottilie Wildermuth
* E.F. Benson Lucia Victrix

Observações à margem
É assim que se fortalece a memória dos idosos?
Há agora o propósito de ajudar as pessoas de idade a fortalecerrem a memória. Creio que usando cartões com perguntas adequadas, sugerindo palavras cruzadas e outros jogos mentais. Em princípio parece-me um bom projecto. O que não se pode admitir é que uma estação de televisão tivesse ilustrado esse projecto com uma reportagem como aquela que há pouco passou em uma das nossas estações. Via-se a sala de um lar de idosos, nessa sala uma fila de quatro mulheres sentadas lado a lado num sofá, enquanto uma repórter invisível nos informava a nós ouvintes, do que se tratava. Tratava-se de ensinar àquelas mulheres velhas como melhorar a sua memoria. E fazia perguntas para provar que elas estavam precisadas de lições. --Lembra-se disto? --Sabe fazer isto? --E aquilo? Depois viu-se uma futura instrutora que, com ar severo, sem um mínimo de simpatia na voz e no olhar, leu alguns dos exercícios que se propunha fazer para avivar as memorias das suas ouvintes. Que eram focadas em cheio enquanto a senhora perorava. Indignada, ia desligar, mas ainda fui a tempo de ver a única coisa que naquela vergonhosa exposição me deu um rasgo de alegria. É que, sentado ao lado do sofá, estava um homem a ler o jornal. A dada altura a repórter dirigiu-se-lhe a ele, perguntando, naquele tom de voz a que essas reporters nos habituaram, que parece um latido, se ele se lembrava não sei de quê. O homem levantou calmamente a cabeça, olhou a menina repórter com ar malicioso e informou-a em voz clara e pausada, que a sua memória nunca estivera tão boa. –Bravo. Apeteceu-me bater palmas
Aquilo passou-se num lar de idosos. Agora pergunto: quem autorizou a entrada ali da estação de Televisão? Esse lar, onde esses idosos vivem, onde pagam para viver, não é a sua casa? É. E foram eles porventura questionados sobre se queriam ou não a visita de uma estação de televisão em sua casa? E para quê essa visita era? Às mulheres não pediram decerto autorização para as arrumarem para o espectáculo e as bombardearem de perguntas. Quatro mulheres de idade, ali sentadinhas num sofá, com as luzes em plena cara, para se ver bem que velhas eram, e como estavam precisadas de serem leccionadas. Meu Deus, que vergonha. Não para elas, para a estação de televisão. E para quem o permitiu e permite.
E mais uma pergunta. Em quantos dos muitos lares de idosos que há em Portugal, há uma biblioteca? Pequena, que seja. Uma estante com livros. Com livros de boa letra, alguns ilustrados, de geografia, da vida dos animais, de botânica, alguns bons romances, livros que possam entreter, avivar a curiosidade para mais leituras. Quantos? Entre tantas estatísticas que por aí se fazem, com tanto, e tão altamente declarado interesse pela leitura, decerto que já se estabeleceu quantos os lares de idosos que dispoem de uma pequena biblioteca, e quantos de uma estante de livros. Era bom que nos comunicassem os resultados a que chegaram para não fazermos falsos juizos.

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