Escolher o tema

>> segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Nos tempos em que eu andava na escola, como antigamente se dizia, era corrente encontrar ao entrarmos na aula o titulo de um tema de composição na tábua negra. O nosso professor de alemão adorava essas surpresas. Não me lembra que alguma vez nos tenha dito para escrevermos o que nos apetecesse. Quando comecei a escrever “livros” e portanto o que me apetecesse, não havia quem me propusesse o tema, A coisa era comigo. Ora de momento que me deu para analiza esta curiosa coisa, que é em mim a escrita, examinei-me também sob esse aspecto: a escolha do tema.
Comecei por constatar que nunca escrevi porque me tivessem sugerido um tema, dado uma ideia engraçada, interessante para eu desenvolver. O impulso veio em geral de alguma coisa que me disseram, me contaram em conversa, não contudo de sugestão para aproveitar essa ideia e escrever a partir dela, Não desdenho a hipótese, simplesmente nunca me sucedeu ter essa opção.
Escrevi sempre um determinado livro por ter havido uma qualquer pequena razão, uma alavan ca própria.
A “Vida do Marquês de Sande”, porque era tanto o que sabia dele e da sua época, que me parecia que tinha a obrigação de o fazer saber a outros.
Os livros sobre os Painéis, porque descobrira um dado novo.
“Na Rota da Pimenta”, porque me fazia impressão que não houvesse sobre os primeiros anos dos portugueses na Índia um livro de fácil leitura, que não estudasse unicamente os grandes feitos, mas tratasse dos homens responsáveis por eles, sem os diminuir nem exaltar. Que focasse o elemento humano da questão.
Em ficção, “As Casas da Celeste” nasceu por ter visto numa aldeia perdida da Beira interior, a casa de uma pobre mulher que ali se rodeara de objectos de uma vida passada. Sobretudo de fotografias suas e só suas. “Um dia escreverei sobre esta casa”, disse então para mim, e escrevi.
A “Morte de uma Senhora”, porque com o 25 de Abril acabara um mundo que eu conhecera bem, e achei que o devia recordar para aqueles que não o tinham conhecido. Na altura não pensei que um dia poderia ser publicado, distribui cópias dactilografadas à família.
“Uma família diferente”, porque uma avó me contou que a neta lhe dissera, que o pai a levara para um parque de campismo onde ele tinha uma amiga. A avó perguntara se ela gostara, e a pequena respondera que não, porque o pai a punha fora da roulotte muito cedo e ainda fazia frio e não havia outros meninos com quem brincar.
“O Mosteiro e a Coroa”, nasceu porque quis aproveitar em obra de ficção, enquanto não o publicava em livro histórico, o que aprendera sobre a vida monástica feminina em Portugal na Idade Média
E, finalmente, este ultimo dos meus livros, porque a leitura de um blogue, me dar a ideia. Um bloguista argumentara que optara escrever um romance sobre certa descoberta histórica que julgava ter feito, e que escolhera a ficção para a revelar, já que em pequeno artigo ninguém decerto lhe prestaria atenção. Aproveitei a ideia para em romance histórico arejar certas ideias que tenho sobre o caso da condenação e morte do duque de Bragança no reinado de D. João II
Houve sempre qualquer coisa que me interessava, que me leuviu a escrever, já que de outra forma nunca poderia desenvolver a narrativa. E nunca, por um momento que fosse, pensando se era coisa que podia interessar a outros que a mim. Não se pode dizer que se tratasse da escolha de um tema. Os temas vieram ter comigo. Alguns aproveitei, outros ficarão sempre por aproveitar.

Pedido de informação:
Tenho um Mac OS X do quak me sirvo há anos. Agora, devido a problemas de visão, gostaria de ter um teclado com letras e sinais mais cobtrastantes. Fico muito grata se alguém me souber dizer se há algum teclado nessas condições que possa ligar ao meu Mac.

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