Para o Natal o livro certo

>> segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Gosto de dar livros pelo Natal. A pessoas que lêem. Não pretendo converter os não leitores. Dou livros a quatro pessoas,a duas sobrinhas, á minha filha e ao meu genro. Procuro o livro certo para cada um com grande antecedência. Não ando meses antes pelas livrarias, mas começo cedo a pensar no livro que calharia bem para cada um deles. A primeira escolha fiz muito cedo, em Agosto.
Passei uma manhã diante de uma pequena loja de alfarrabista e vi na montra uns daqueles livros de capa azul que eram os livros cor de rosa dos anos sessenta. Entrei, fiz conhecimento, conversei com o simpático dono da loja e comprei-lhe seis livros azuis. Muito contente com aquela aquisução, porque tinha ali o presente para uma das sobrinhas. Amadora de literatura portuguesa, fâ de Miguel Torga, oovira-lhe há tempos, que tinha curiosidade de reler os livros azuis que faziam as delicias da sua juventudo. Pois no Natal ali a teria a sua delicia.
Para a outra sobrinha, mais internacional nas leituras, e já saída daquela fase de leitura exclusiva de ficção, quando não se acredita que haja outra, para ela escolhi dois “livros sobre livros” de Ann Fasdiman. Comentários sobre livros, sobre autores. Devem ser mulheres da mesma idade, Ann Fadiman e esta minha sobrinha. Devem entender-se.
Para o meu genro decidira há meses que lhes daria um livro sobre a cnstrução do “Great Transcontinental Railway”, o comboio construído em fins do século XIX, que ligou a costa atlântica dos Estados Unidos á costa do Pacifico. Lembrei-me disso quando este ano copiei para o meu blogue as impressões de uma tia que fizera a viagem nesse comboio. Há sempre a tendência de pensar que o que nos interessa a nós , interesserá a outros, mas neste caso julguei ter razão para pensar que o meu interesse seria partilhado.
Para a minha filha, que recebe sempre mais do que um livro, a escolha é sempre um pouco difícil. Partilhamos alguns gostos literários, o que em princípio devia facilitar as coisas. Mas também as pode complicar. Já sucedeu dar-mos uma à outra o mesmo livro. E como a Isabel vive em Itália não estou a par do que ela possa ter comprado em matéria de livros. Pergintei-me se ela já teria o “Madame u Deffand et son temps# de Benedetta Cravieri. Era muito posivel, já que era o livro que essa autora publicara depois do seu “L’Áge de la Conversation” de que ambas tínhamos gostado tanto. Era aliás leitura lógica, mas se o tivesse lido decerto me teria falado nele. Arrisquei portanto Madame du Deffand. Dentro do mesmo espírito juntei-lhe “ Le Monde des Salons. Socialité et Mondanité à Paris au XVIII siècle” de Antoine Liltri. O livro foi publicado quando se realizou em Paris uma exposição sobre os salões literários. Bem sei que por cá só nos devemos interessar pelo que sucede em Nova York, Los Angeles e Washington. Mas a minha filha e eu somos muito europeias e até - oh espanto! – lemos francês, e ambas sabemos da importância cultural que tiveram os salões literários.
Foi nos salões do século XVIII que se debateram as ideias que conduziriam à revolução de 1789. E é curioso pensar que o bom francês em que essas ideias se escreveram, discutiram e sobre as quais depois se eloquentemente se discursaria, deviam a sua grande força à corecção do francês em que eram escritas e pronunciadas, e que isso o deviam aqueles senhores a um grupo de mulheres da primeira nobreza, que no século anterior tinham pugnado nos seus salões pela pureza da língua francesa. Forjando a arma que conduziria os seus descendentes à guilhotina.
Completei estes dois livros com romance histórico de Ken Follet.
O Natal já passou, os livros foram dados e recebidos com aprovação e, no caso do saco doirado cheios de romances azuis, com gritos de entusiasmo. Eu tinha escolhido os livros certos.

3 comentários:

Anónimo 31 de dezembro de 2009 às 20:04  

Um bom ano para a Theresa.. E vá preparando a sua lista dos livros lidos este ano que o Tapornumporco aguarda a sua divulgação, como no ano passado. As tradições são para respeitar.:-)
Adérito das Listas

Anónimo 1 de janeiro de 2010 às 19:50  

Bom Ano também para si, Aderito das Listas. Já se vê que enviarei a mtnha lista, mas preciso de instruções sobre o processo. É que logo que se trata de sair do meu blogue fico paralizada sem saber como proceder sem deitar tudo a perder. E Bom Ano para o Tapornoporco, que é o blogue que tem melhores textos em toda a blogoesfera. É verdade que sou suspeita, porque desde que em nova passava todos os anos um tempo em Coimbra fiquei conimbricense do coração. Theresame

Anónimo 4 de janeiro de 2010 às 18:37  

Olá Theresa
Obrigado pelas suas referências elogiosas ao Tapor. O libri também é, para nós todos, uma referência fundamental da blogosfera.
Quanto à sua lista, não tem nada que saber. Podemos fazer como no ano passado, quando nos encontrámos na blogosfera. É só aguardar que saia um post no tapor com as listas habituais e deixar a sua nos comments que eu trato do resto. Se preferir mandá-la para gregorsamsaxxl@gmail.com também pode ser, como preferir.
Cumprimentos

Adérito das Listas

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